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sábado, 31 de julho de 2010

Vai na valsa


Tanta água no rio e nenhuma nas torneiras. Isso é Marabá...
Moradores de Folhas da Nova Marabá estão praticamente há duas semanas sem água da Cosanpa. Morador do bairro desde o remoto 1986, eu lhes garanto que este é um problema que só se agrava ao longo do tempo. Às vezes a água pingava da torneira alta madrugada e comprei uns baldes de plástico para estocar o que fosse possível. Agora, simplesmente não vem mais. Passa mês sem cair uma gota.
Então ficam as indagações. A Cosanpa ainda pertence ao Estado, que estaria investindo milhões de reais do governo federal, via programa de aceleração do crescimento, sem qualquer interveniência da administração municipal. Em sendo assim, tudo feito por vias transversas, não se sabe a quem cobrar a devida fiscalização da obra – a ampliação do sistema de abastecimento d’água – e tudo parece dar-se perversamente ao contrário do interesse da população.
De outro lado, existem as injunções políticas: raramente há afinidade entre as gestões estadual e local, de sorte que o bem-estar comum não importa a quem está no poder e pretende perpetuar-se nele. Assim, o que fizer (e se fizer) o Estado no território municipal, e o prefeito de plantão, adversário político circunstancial não puder mentir e dar como seu aquele determinado investimento, então ninguém fiscaliza, ninguém cobra.
Desta forma, tem-se a impressão que a Cosanpa, as obras estaduais e federais são corpos absolutamente estranhos ao tecido social, trabalho de extraterrestres que a cambaleante autoridade administrativa local faz de conta que não vê. Se não têm a chancela do burgomestre, então não existem. Mesmo que causem tanto dano aos interesses difusos.
Da sociedade civil prejudicada, e desorganizada na sua própria defesa, os reclamos não vão além de queixas pontuais à imprensa. E só quando o problema se agrava de vez como agora. Sem iniciativa própria, não raro a sociedade reclama que é dever do Ministério Público promover os atos devidos para a preservação do patrimônio público e social e de outros interesses difusos e coletivos, e que sua “neutralidade” neste assunto só convalida o estado de calamidade.
E enquanto se providencia culpados diretos e indiretos para a falta de providências, o descalabro não tem fim.

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