A
proximidade entre humanos e pombos, diz a Medicina Veterinária, pode acarretar
doenças ao homem, em especial se houver contato com as fezes secas da pomba
doméstica (columba livia). Inalá-las com a poeira urbana pode trazer de uma
simples alergia de pele à sérios problemas de respiração e, até mesmo, afetar o
sistema nervoso central. Tudo isso de forma praticamente invisível.
O
contato com as fezes secas contaminadas por fungos pode provocar micoses e
problemas respiratórios semelhantes à meningite, como histoplasmose e
criptococose ou a clamidiose (bactéria), que causa sintomas variados, de febre
à problemas na respiração.
Alimentos
contaminados por fezes de pombos, que contém a bactéria Salmonela, trazem grandes
prejuízos à saúde ao comprometer o aparelho digestivo com uma intoxicação
alimentar. Além disso, ácaros de pombos provenientes de aves e ninhos podem
causar dermatites em contato com a pele do homem.
A colônia
cresceu à vontade
Apesar
dessas advertências, uma quantidade crescente de pombos alojou-se no prédio que
abriga o Arquivo Público Municipal desde 2010, sem que a defesa sanitária ou a
secretaria de saúde tomasse qualquer providência para salvaguardar a
integridade dos servidores daquele setor.
Em
pouco mais de dois anos, diz o coordenador Narciso Francisco da Silva, que
trabalha no arquivo desde 2009, a colônia multiplicou-se em dezenas, centenas
talvez de aves, confortavelmente alojadas sob o telhado sem forro ou em repouso
nos cabos de aço com que o governo passado amarrou, por dentro, numa gambiarra,
as paredes inseguras da construção mal feita e que ameaçavam desabar.
Narciso acompanhou a invasão das aves |
A
consequência, naturalmente, foi uma prolongada torrente de fezes sobre armários
e caixas que deveriam guardar, com segurança e zelo, documentos que contam
parcialmente a história de sucessos e desmantelos de uma cidade que chega aos
cem anos maltratada pelo descompromisso de muitos administradores.
Fezes por toda parte
Novo
secretário de Administração, Ademir Martins olha desconsolado o estrago que
herdou no arquivo público: “Não sei como alguém pode deixar ficar assim
documentos tão importantes para a história do município”, lamenta. Admite que a
saída é a digitalização do que resta, antes que acabe. “Imagine, diz ele, que
esses arquivos estavam jogados no outro prédio, em cima de uma fossa sanitária
e pegando água de infiltração”.
Desolado,
Ademir Martins folheia arquivo histórico
Neste buraco estavam os arquivos
Pelo
menos por enquanto o patrimônio está a salvo dos pombos: com a ajuda da
mão-de-obra municipal foram vedadas as brechas entre o alto das paredes e os
caibros do telhado, de sorte que agora as aves não mais conseguem entrar. Mas
ainda restam as fezes e sua ameaça maléfica e invisível espalhada entre e sobre
estantes, caixas de papelão, pastas suspensas e o chão que causa embrulhos no
estômago.
Servidores admitem: muito melhor agoranar legenda |
Mas
se você imagina que o prejuízo acaba aí, enganou-se. Inaugurado em 21 de maio
de 2008, pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ciência e Tecnologia
(governo Ana Júlia) com apoio do então prefeito Tião Miranda, o NavegaPará chegou
a ensinar rudimentos de informática a algumas dezenas de interessados entre
setembro de 2009 a outubro de 2010. Depois encalhou: seja por desinteresse do
prefeito de plantão ou da nova administração estadual.
O
Infocentro, agora, é só um amontoado de computadores sem serventia, a entulhar
uma sala que poderia ter melhor aproveitamento.
Para Ademir, falta definir a quem pertence a sucata |
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