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quarta-feira, 17 de abril de 2013

MST fecha rodovias e realiza atos em vários estados para lembrar Carajás




Em abril de 1996, 19 integrantes do MST foram mortos pela polícia no Pará.
Movimento bloqueia rodovias e faz outras ações durante o 'Abril Vermelho'.

Do G1, em São Paulo

Integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) realizaram uma passeata no Eixo Monumental, em Brasília. Segundo o movimento, 450 pessoas participaram do ato, que teve início às 7h, na altura do Buriti, e seguiu para a Praça dos Três Poderes. (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)Integrantes do MST fizeram passeata em Brasília e lembraram dos mortos (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupa propiedades rurais, bloqueia rodovias e realiza outras ações em diversos estados do país como parte do "Abril Vermelho", mobilização para lembrar os 17 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no sudeste do Pará, no dia 17 de abril de 1996, quando 19 integrantes do MST foram mortos pela polícia e mais de 70 ficaram feridos.
O confronto ocorreu quando 1.500 sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora na desapropriação de terras. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local, porque estariam obstruindo a rodovia PA-150, que liga a capital Belém ao sul do estado. Dos 155 policiais que participaram da ação, apenas Mário Pantoja e José Maria de Oliveira, comandantes da operação, foram condenados.
Nas manifestações deste mês, o movimento sem-terra cobra também do governo federal um plano emergencial para assentar as 150 mil famílias acampadas no país e pede que o tema seja debatido pela sociedade.
Veja as manifestação do  MST em alguns estados:
Pará
Em Eldorado dos Carajás, local do massacre de 1996, um grupo de 100 jovens do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fez na terça-feira (16) uma celebração em homenagem às vítimas.
Também na terça, cerca de 300 manifestantes bloquearam a BR-155, perto de Eldorado dos Carajás. Tropas de Parauapebas e Marabá foram até o local da interdição para desbloquear a via. Segundo o MST, a manifestação durou 22 minutos e buscou homenagear as vítimas. "Buscamos que esse episódio nunca seja esquecido”, disse Ulisses Manaças, coordenador do MST.
Em Belém, diversos trabalhadores sem-terra estão acampados. Ontem, eles caminharam pelas ruas da capital até a sede do Ministério Público Federal para pedir maior fiscalização da reforma agrária no estado. Segundo os agricultores, desde 2005 o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não implementa políticas de reforma agrária no Pará. Nesta quarta (17), integrantes do MST participam de uma reunião com o Incra.
Distrito Federal
Em Brasília, integrantes do MST realizaram uma passeata no Eixo Monumental, na manhã desta quarta. Segundo o movimento, 450 pessoas participaram do ato, que teve início às 7h, na altura do Buriti, e seguiu para a Praça dos Três Poderes, ocupando três faixas da via S1.
Entre as reivindicações do movimento estão a agilidade na reforma agrária e a justiça para vítimas de crimes no campo. O protesto lembrou o massacre de Eldorado dos Carajás.
Mato Grosso do Sul
Três rodovias do estado foram bloqueadas nesta quarta pelo MST, na manifestação nacional que cobra agilidade no processo de reforma agrária e presta homenagem aos mortos do conflito em Eldorado dos Carajás. Segundo coordenadores do movimento, o protesto foi encerrado no fim da manhã.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram bloqueadas a BR-267, no distrito de Casa Verde, em Nova Andradina, e a BR-163, em Anhanduí. Segundo o MST, também foi bloqueada a MS-060, saída para Sidrolândia.
O repórter Dhiego Maia, do blog "Rumo ao porto", enfrentou um grande congestionamentona expedição de caminhão de Sorriso (MT) até Santos (SP). "A fila de caminhões, com extensão aproximada de 11 km nos dois sentidos da pista, se formou devido a uma manifestação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na rodovia BR-267, em Mato Grosso do Sul, entre os municípios de Nova Alvorada do Sul e Bataguassu", informou.
São Paulo
Um grupo de manifestantes da região de Itapetininga (SP) formou uma barreira na manhã desta quarta para impedir a passagem de veículos em uma das principais rodovias do estado de São Paulo, a Raposo Tavares, na altura do km 166 sentido capital. Uma faixa ficou interditada por aproximadamente 20 minutos.
A pista interditada causou grande congestionamento na rodovia. Ainda segundo a polícia, não houve tumulto ou confronto entre os manifestantes e policiais. O trânsito voltou a fluir normalmente por volta das 10h.
Paraná
Protestos foram realizados em Curitiba e em localidades do interior do estado, na manhã desta quarta-feira (17). Segundo José Damasceno, membro da coordenação estadual do MST, foram feitas interdições de rodovias, que duraram 21 minutos, em 18 pontos diferentes. "Em cada um dos pontos, a ação contou com cerca de 300 integrantes", disse ao G1.
No norte do estado, os manifestantes espalharam cruzes pela rodovia em homenagem às vítimas. Em Curitiba, o protesto foi realizado em frente ao Tribunal de Justiça. Já em Cascavel, no oeste, aproximadamente cem integrantes do MST bloquearam a BR-277, no trevo de acesso ao distrito de São João. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), eles fecharam a rodovia das 9h10 às 9h35. A PRF informou que o manifesto foi tranquilo.
Pernambuco
O MST fechou rodovias na manhã desta quarta, em protestos com queima de pneus e reflexos no trânsito. Segundo os trabalhadores, há movimento em 20 locais de Pernambuco. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou a interdição das duas faixas da BR-101, nas proximidades de Goiana; da BR-104, perto de Caruaru; da BR-232, em Vitória de Santo Antão, e da BR-408, na altura de São Lourenço da Mata.
De acordo com o coordenador do MST no estado, José Aglailson da Silva, o movimento tem a intenção de ser pacífico e respeitar a memória dos companheiros mortos no massacre. "O ato é nacional. Todo ano, em 17 de abril, fazemos esse ato simbólico. Estamos queimando pneus e fazendo fumaça, mas o ato é pacífico", afirma Aglailson. "Estamos aqui também para alertar para o trabalho escravo que acontece na região, especialmente na Zona Canavieira", completou.
Rio Grande do Sul
Militantes da Via Campesina empurraram seguranças e entraram à força no prédio do Centro Administrativo do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, para chegar até a sede da Secretaria Estadual da Educação, segundo confirmou nesta quarta (17) a assessoria de imprensa do movimento.
O objetivo é reivindicar melhorias em escolas próximas a assentamentos de terra. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, a secretária adjunta Maria Eulália Nascimento recebeu os manifestantes por volta das 10h30 para uma reunião.
Manifestantes também realizam ações nas sedes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Parte dos militantes ficou no acampamento em frente aos prédios do Incra e do Ministério da Fazenda em Porto Alegre. A Brigada Militar estima que o total de militantes nos três locais seja de cerca de 1,5 mil e afirma não ter registros de ações violentas.
Os manifestantes se reúnem no final da tarde na Praça da Matriz, no Centro de Porto Alegre, para um ato ecumênico em memória às vítimas o conflito em Eldorado dos Carajás, no Pará.
Alagoas
Trabalhadores ligados ao MST bloquearam pela manhã a BR-316, no município de Atalaia, Zona da Mata de Alagoas, durante vinte minutos. A ação foi realizada em memória aos mortos pela ação da Polícia Militar do Pará em Eldorado dos Carajás, em 1996.
O grupo segue em carreata com destino ao Centro de Maceió, no Tribunal de Justiça (TJ-AL), onde as famílias iniciarão uma vigília em memória às vítimas de violência e impunidade no campo e na cidade.
Segundo o movimento, durante todo o mês de abril, a chamada "Jornada de Lutas" levará à sociedade as demandas pela Reforma Agrária Popular, em que trabalhadores organizados em todo o país denunciam a paralisia pela qual passa a política agrária no Brasil.
Ceará
Integrantes do MST ocupam, desde as 5 horas da manhã, a sede do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), no Centro de Fortaleza. De acordo com uma das lideranças do MST, Pedro Neto, a manifestação tem os mesmos objetivos da realizada na terça-feira (16), quando mil integrantes ocuparam a BR-116, próximo ao km 47 e ao Canal do Trabalhador, no município de Pacajus, Região Metropolitana.
"Nossa intenção é também conversar com membros do Dnocs para debater os problemas da seca no interior do nosso Estado. Cobramos das autoridades, políticas públicas, para diminuir os estragos provocados pela seca no Ceará”, disse. Ele  informou que alguns integrantes vão participar de uma reunião com o governador Cid Gomes e com o Dnocs ainda nesta quarta
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