segunda-feira, 4 de junho de 2007
Progresso
Para Adelina Braglia
A amiga sorrindo:
- “Marabá chegou no mar!...
Com duas pernas de ferro de 900 km,
e isso dá poesia!”
(Há uma alegre ironia
nadando em seu olhar)
Sorrimo-nos em pânico:
- “É verdade, gente, chegamos ao mar!...”
e ficamos alegres e orgulhosos
da estrada-de-ferro
da Nossa Senhora Vale do Rio Doce.
Bem verdade que Ela nos leva
a entranha ferruginosa da serra
e, na ida, entre o céu e a terra,
deixa-nos ao menos isso
e só isso:
uma sacudida na ponte
um apito maroto
como afago de gigolô.
Mas,
temos agora a essencialidade do mar
bem à nossa porta,
sob nossos olhos.
Toalha aos ombros, óculos raibán, esteira
de palhinha (sonhar, quanto custa?)
sinto o iodado ar bulindo nos meus ossos
nostalgias d’África
promessas inconfessáveis de sereias
roteiro de tesouros náufragos.
Ah, como dormir, o, coração atônito,
com esse comboio irreal
levando para o mar o sono o sonho?
Ó meu Glorioso Trem Expresso Carajás:
esperai por mim...
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4 comentários:
Ademir, nem ao mar nem ao progresso nem mesmo sabemos pra que direção esse modelo nos leva. O que vemos de realidade concreta é que as diferenças sociais se acentuam no mesmo ritmo em que a exploração mineral cresce.
Ademir Braz,^aqui é uma garimpeira de Serra Pelada que ainda alimenta o sonho de receber a tão prometida indenização. Você pode nos informar o que existe de concreto hoje em Brasília sobre a questão do garimpeiro?Os jornais e tv pouco noticiam sobre isso e a gente fica a mercê de informações levadas por líderes do movimento garimpeiro.
Dilza Luz - Marabá
Ademir, a notícia que a gente soube aqui em Marabá é de que haverá uma negociação. Você pode conferir isso pra gente.
Dilza Luz- Marabá
Cheguei aqui, como havia chegado há anos na sua terra. Com o coração acelerado. E que o mar de carajás, de tupinambás, de kaiapós e tembés nos seja leve!
Um beijo grande pela lembrança.
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