Desde a Guerrilha do Araguaia não se via tantos militares em São João do Araguaia |
O enorme aparato militar , apoiado por um trator particular , destruiu todos os barracos erguidos no terreno baldio à margem do ramal de acesso à Transamazônica, à entrada de São João, abandonado há mais de 25 anos , sem cercas nem benfeitorias , e que há décadas serve de depósito de lixo da própria prefeitura municipal. Não houve resistência : os ocupantes limitaram-se a assistir a “limpeza ” à beira da estrada , comentando a rapidez com que o Judiciário determinou o despejo e o governo do Estado liberou a tropa militar para garanti-lo.
Na contestação à reintegração de posse , o advogado Francisco Duarte manifesta estranheza porque “o Juízo não se ateve aos princípios constitucionais da função social da propriedade ”, nem determinou a realização de Audiência de Justificação Prévia “a fim de melhor analisar as reais condições da posse ” do terreno baldio .
A ação foi proposta por Josedina Martins Ferreira Rocha , que se diz proprietária da área desde cinco de outubro de 1987, que a teria comprado de Maria Pereira Lima , suposta foreira desde maio de 1986. A transmissão do bem , segundo Certidão de Matrícula , só se deu em 11 de março de 1993. Contudo , segundo Francisco Duarte, a origem da área foi doação do lote , integrante da Gleba São João, pelo antigo Grupo Executivo das Terras do Araguaia-Tocantins (Getat, hoje Incra) ao município de São João do Araguaia, em 1985 para a expansão da zona urbana , vedada sua destinação diversa , sob pena de nulidade “independentemente de interpelação judicial ou extrajudicial , implicando em conseqüente reversão do imóvel doado, suas benfeitorias e acessões , ao patrimônio da União Federal , sem direito a qualquer indenização ao município donatário ”, conforme a cláusula terceira do Título de Domínio . Na área , inclusive , a administração pública construiu quadra de esportes e o hospital municipal.
Despejados assistem derrubada dos barracos |
Francisco Duarte está otimista quanto à reversão da reintegração de posse : “Esperamos ter provado a irregularidade da cadeia dominial e, por conseqüência , vamos propor à prefeitura que realize um projeto de expansão urbana na área para atender a demanda de centenas de famílias que vivem sem um teto naquele município ”.
Só tristeza entre as famílias despejadas |
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