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terça-feira, 18 de outubro de 2011

A fome dos despejados não comove ninguém?

Polícia dá ultimato a sem-terra em Marabá
Policiais federais intimaram os sem-terra acampados na Praça do Mogno, em Marabá, a desocupar a área até domingo, dia 23.  Ontem (17/10) pela manhã, pelo menos 10 famílias remanescentes da fazenda Pioneira, reintegrada em agosto deste ano por ordem judicial, continuavam na área, de propriedade da siderúrgica Cosipar.
As famílias de sem-terra ocupavam o terreno há pelo menos cinco anos, vivendo de pequenas culturas de leguminosas, frutas e verduras.  Com o despejo, os colonos montaram acampamento em frente à superintendência do Incra no município.
Muitas famílias afirmam não ter para onde ir.  João Pereira de Sena, 40 anos, representante dos sem-terra, alega que há mais de dois meses recebem apenas promessas.  “Dias antes de sairmos da área foi feita uma reunião conosco, onde o ouvidor agrário nacional (Gercino José da Silva Filho) estava presente e nos foi prometido que o Incra vistoriaria três fazendas para onde seríamos remanejados, mas tudo não passou de promessa”, afirma.
As fazendas mencionadas pelo sem-terra são a Cajueiro, em São Geraldo do Araguaia, Baixão, em Marabá, e Califórnia, localizada em Palestina do Pará.  Segundo João Sena, até então não há informação sobre nenhum encaminhamento nesse sentido.
“Não sei para quem apelamos e não sabemos para onde vamos.  Pensamos, se despejados, acampar no Incra, pois não temos direção alguma”.
Fome
Enquanto a situação não se resolve, os sem-terra permanecem na Praça do Mogno, área pertencente à Polícia Federal, onde futuramente deve ser construída a sede da instituição.
Sob os precários barracos de lona e palha de babaçu, as famílias receberam uma minguada cesta básica, composta por dois frascos de óleo, um pacote de dois quilos de açúcar, dez quilos de arroz, um quilo de leite em pó, um pacote de fubá de milho e dois quilos de farinha branca.
“O alimento que doaram pra gente mal deu pra dez dias.  Por isso muitas famílias foram embora, tentam se arrumar de outras formas, pois aqui a situação é precária”, diz André Carvalho da Costa, o “Irmão”.
A falta de alimentos e também as precárias condições de higiene têm afetado as cerca de 50 crianças do grupo, que estão sem escola e com a saúde em risco.  A trabalhadora rural Maria Aparecida Vansoski Silva, 44 anos, lembrou que a proximidade do inverno, as crianças estão suscetíveis a contrair doenças.  “Precisamos de atendimento de saúde urgente”.
Quanto ao futuro dos sem -terra, ela diz que não tem qualquer perspectiva de para onde serão remanejados.  “Estamos sem saber pra onde ir, pois até então não temos nenhuma informação”.
As famílias aguardam pela avaliação do Incra sobre três fazendas, nos municípios de Marabá, São Geraldo do Araguaia e Palestina do Pará. (Diário do Pará)

Um comentário:

Anônimo disse...

Engraçado que se fosse área de um cidadão trabalhador não tinha essa agilidade toda para fazer a reintegração.