O paradoxo da ética
Em matéria lavrada hoje (10) a “Folha de S. Paulo” revela que a banca do presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, foi contratada pelo Consórcio Belo Monte “no mesmo mês em que a obra foi alvo de uma audiência pública na OAB em Brasília.”.
> Excesso de pragmatismo
Cavalcante, que na qualidade de presidente da OAB tem tecido críticas a Belo Monte, retruca que não feriu a ética pois quem delibera as posições da OAB é o Conselho Federal.
Todavia, ele é o presidente desse Conselho e a sua atitude denota uma dualidade pra lá de pragmática: quando ele é presidente da OAB investe contra Belo Monte; ao mesmo segundo, quando toma assento na sua banca, advoga a favor do empreendimento, ou seja, contra ele mesmo.
> Contratação se deu 15 dias após audiência pública
Reporta a “Folha” um detalhe capcioso, mas que não deve passar despercebido: em 09.04.12, na sede da OAB em Brasília, sob o comando de Cavalcante, ocorreu a audiência pública com a “presença de representantes de ONGs, Senado e Ministério Público”, que questionava, sob vários aspectos, as obras em Belo Monte. Quinze dias depois dessa audiência “o escritório de Ophir em Belém (PA) foi contratado pelo Consórcio Construtor Belo Monte.”.
> Movimento Xingu Vivo demonstra surpresa
À “Folha” a coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antônia Melo, desconsola-se: “é uma surpresa, não sabíamos. Eu fico chocada porque a OAB é uma instância em que a gente, de qualquer maneira, deposita uma confiança, uma esperança, por ter um papel na defesa da democracia, das leis.".
> Paradoxo
Um ex-presidente da OAB, que se reportou à “Folha” pedindo reserva da sua identidade, comparou a atitude do atual presidente ao de um “procurador da República que começa a investigar uma acusação e acaba contratado pelo investigado.”.
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