Nos rugidos do
monstro
"A preocupação com fortes indicativos de aceleração da
mineração, em especial a abertura das terras indígenas através da aprovação do
PL 1610 e a aprovação de um novo marco regulatório da mineração conduzido na
surdina pela Casa Civil da Presidência da República, e principalmente os fortes
impactos de mineração sobre comunidades quilombolas e camponesas, motivou o
encontro promovido pela CPT, sobre mineração. Foi um primeiro momento, dum
debate e enfrentamento urgente. O Cimi participou levando as preocupações dos
povos indígenas a esse respeito. Um grupo
de trabalho irá implementar os encaminhamentos e dar continuide ao
processo de reflexão, debates e embates", informa Egon Heck, CIMI-MS, ao
enviar o artigo que publicamos a seguir.
Eis o artigo.
A mineração é uma grande preocupação. Especialmente para os
povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, em cujo subsolo
existem minerais. Poderão ter em breve seus territórios removidos e
transformados em infinitas crateras. Em vista disso movimentos sociais e
aliados das populações que historicamente continuam sendo vítimas de modelos de
desenvolvimento que os impactam e destroem a natureza, promovem encontros e
reflexões para traçar suas estratégias diante da voracidade da exploração
mineral.
A Comissão Pastoral da Terra acaba de promover um momento de
intercambio de experiências e reflexão sobre o tema "Impactos da mineração
sobre comunidades camponesas, quilombolas e povos indígenas".
Durante três dias, participantes de diversas regiões do
país, onde existem projetos de exploração mineral em curso, ou que já são
impactados por séculos de mineração, como em Minas Gerais, Goiás...
socializaram as realidades vivenciadas pelas comunidades afetadas.
Foi um primeiro passo para aprofundar e entender uma realidade
tão complexa, que faz parte do atual modelo de desenvolvimentismo do país,
dentro da lógica do mercado globalizado.
Dentre os inúmeros desafios debatidos mereceu especial
atenção a legislação obsoleta do Código de Mineração, que é de 1940 e foi atualizado
pela ditadura militar para estimular os investimentos das grandes mineradoras
mundiais no país. Está sendo anunciado o aumento de quatro vezes da produção
mineral até 2.030.
O preocupante é que o novo Marco Regulatório da Mineração,
está sendo tratado de forma fechada pelo governo, estando enclausurado na Casa
Civil, prestes a ser colocado à aprovação, sem nenhum debate e participação da
sociedade civil. Ao que tudo indica, ele terá a característica de aceleração da
exploração dos recursos minerais, com a modernização legal, através de uma
Agência Nacional reguladora, como tem acontecido em outras áreas econômicas. Às
comunidades certamente serão oferecidos fundos de migalhas da mitigação dos
impactos.
Como se trata de uma estratégia arquitetada pelo governo
dentro do modelo de aceleração agroextrativista para exportação, é possível
entender as pressões para liberar a mineração em terras indígenas, quilombolas
e remover todos os obstáculos para incorporar todas as áreas disponíveis nesse
processo de exploração.
Diante desse quadro de ameaças e incertezas, os
participantes do encontro, e diante dos desafios levantados, viram a
importância de ampliar a discussão e reflexão nas comunidades, trocar
experiências, realizar intercâmbios, sistematizar informações e articular os
diversos segmentos que serão afetados pela aceleração dessa atividade
extrativa. (Site Mineração)
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