“Um terremoto político com poder para unificar ou desunir as elites do Pará ”. É assim que o cientista político Roberto Corrêa define o que sem dúvida entrará para a história como um dos mais importantes eventos na vida do Estado : a realização do plebiscito para decidir se o mapa continuará como está ou se sofrerá alterações, dando lugar aos Estados do Tapajós e de Carajás . O plebiscito está colocando em lados opostos antigos aliados , ao mesmo tempo em que poderá reunir , num mesmo palanque , adversários ferrenhos da política paraense .
A análise dos resultados eleitorais de 2010 indica que a discussão em torno do plebiscito deve extrapolar as diferenças partidárias e poderá até criar cisões no seio das legendas . Pesquisador do Centro de Pós-Graduação em Ciência Polícia da Universidade Federal do Pará , Roberto Corrêa está avaliando os mapas eleitorais da última década . Ele quer elaborar uma lista das lideranças que podem perder e das que terão ganhos eleitorais com uma possível divisão .
A análise da eleição de 2010 revela que na área passível de divisão há um predomínio dos grandes partidos , especialmente PMDB e PT. Por enquanto , foram levantados os resultados apenas das duas maiores cidades de cada região . No caso do Tapajós, o estudo se limitou a Santarém e Altamira. Na região equivalente ao que poder vir a ser o Estado de Carajás , foram destacados os resultados das eleições em Marabá e Parauapebas.
“Essa é uma questão que está além dos partidos e devemos analisá-la a partir das lideranças ”, diz Corrêa.
O PESO DAS ELITES
O DIÁRIO consultou na semana passada o atual governador do Pará , Simão Jatene, e os ex- governadores do Estado Jader Barbalho, Almir Gabriel e Ana Júlia Carepa sobre a separação do Estado . A interlocutores próximos , Simão Jatene tem exibido argumentos contra a divisão . Publicamente, porém , o governador tem evitado tomar uma posição . Por meio da assessoria de imprensa , ele reafirmou na última sexta a decisão de se manter neutro durante o processo de plebiscito . Jatene defende, contudo , que haja uma ampla campanha de esclarecimento.
A ex-governadora Ana Júlia Carepa, cujo mandato se prolongou de 2007 a 2011, diz que o partido dela, o PT, ainda fará um debate para tomar posição . O mais provável , contudo , é que a legenda libere suas lideranças para se posicionarem como acharem melhor em relação à questão . Ana Júlia diz, porém , que pessoalmente defende a integração do Estado .
“O mundo está se integrando para diminuir diferenças ”, diz, citando os exemplos da União Europeia e do Mercosul . Ana Júlia ressalta que não vê falta de legitimidade no movimento . “Entendo que essa é uma questão histórica , mas não podemos deixar de destacar os projetos públicos e os investimentos privados que estão chegando às regiões por ações do governo ”.
A ex-governadora cita as eclusas de Tucuruí, a siderúrgica da Vale em Marabá e o Plano de Xingu, uma série de investimentos que serão feitos para compensar os efeitos da hidrelétrica de Belo Monte na região do Xingu.
O presidente do PMDB, Jader Barbalho, que governou o Pará no início dos anos 80 e entre 1990 e 1994, também deve manter neutralidade em relação ao tema .
“Torci pela aprovação do plebiscito . Será uma oportunidade para que o Pará conheça melhor o Pará . Esse é um debate necessário . Vai permitir que a gente se conheça mais ”, afirma.
Jader diz que como eleitor vai acompanhar a discussão do tema para tomar uma posição particular . O PMDB, partido que ele preside, não terá posição fechada.
“Dentro do PMDB, há lideranças a favor da manutenção do Estado como está e outros a favor da divisão . Essa não é uma questão partidária ”, explica.
O ex-governador Almir Gabriel, que ocupou o Palácio dos Despachos entre 1995 e 2002, classificou a atual proposta de divisão de “burra ”. Segundo ele , o ideal seria dividir o Estado em dois : a margem direita do Xingu seria o Pará remanescente e a margem esquerda o Tapajós. Almir defende ainda a criação do território de Monte Alegre , que , diz ele , em 50 anos poderia ser transformado em Estado .
“Eu mudei de posição . Como governador prometi defender a unidade territorial do Pará , mas hoje , como cidadão comum , sou favorável à divisão , mas contra Carajás , que é uma proposta equivocada, criada para atender às ambições de alguns políticos ”. (Diário do Pará )
Um comentário:
Se o Pará fosse dividido em
4 estados, Pará, Tapajós, Carajás e Calha Norte a região Amazônica teria muito mais representatividade na Câmara Federal e no Senado. A bancada Amazônica teria mais poder e poderia desenvolver a região como um todo. A Amazônia teria mais representatividade no cenário nacional acabando com a hegemonia do eixo São Paulo e Rio de Janeiro.
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