A ilustração - espetacular! - é de Pedro Netto, d'O Resto do Iceberg. O texto é emprestado do Diário do Pará |
Outro bebê morre no
hospital municipal
Depois de alguns meses sem registrar ocorrências graves, o
Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá voltou a ser palco de tragédia. Na
madrugada de ontem, mais uma criança morreu, um bebê gêmeo de 3 quilos. A outra
criança, de 2,65 quilos, está internada em estado grave no Hospital Regional,
enquanto a mãe, Tereza Carosi, permanece internada ontem, tomando sangue, já
que sofreu hemorragia. A família alega que a morte foi provocada por descaso do
HMI.
Amiga da família, a advogada Adelaide Vieira acompanhou o
sofrimento da mãe dos gêmeos desde que ela chegou ao Materno Infantil, por
volta da meia-noite, após ter estourado a bolsa. Ela relata que Tereza só foi
atendida por volta das 5h40, horário em que o anestesista chegou ao hospital.
Segundo Adelaide, houve uma sucessão de descasos com a
paciente, a começar pelo médico com quem ela fez o pré-natal, que deveria ter
avisado ao HMI que Tereza tinha de passar por uma cesariana, já que sua
gravidez era de risco, pois ela tem 41 anos de idade, e não tinha condição de
ter um parto normal. Só que ninguém avisou.
Já no hospital, os médicos que estavam de plantão se
recusaram a fazer a cesariana e Tereza enfrentou longas cinco horas de
calvário, sentindo dores e uma enorme pressão, a ponto de sofrer uma ruptura de
útero.
Enquanto isso, na portaria do hospital, Adelaide não recebia
qualquer informação sobre a amiga. Somente às 4h30 da manhã uma funcionária do
hospital informou que Tereza ainda não tinha sido operada, levando a amiga ao
desespero, já que ela sabia que a situação da gestante era seríssima.
Tereza só foi atendida quando disse para a enfermeira de
plantão que os dois bebês tinham parado de se mexer, já por volta das 5 horas
da manhã. Depois disso, ela ainda esperou por 40 minutos até a chegada do
anestesista.
A advogada afirma que vai até as últimas consequências para
que essa situação não fique impune. Ela ficou de registrar ocorrência policial,
pedir a necropsia no Instituto Médico Legal (IML) e oferecer denúncia na
Justiça.
Muito emocionada, desabafou: “Isto é erro médico e
negligência. É uma lástima o que aconteceu, é o fim do mundo. É isso que eu
tenho a dizer, com muita dor no coração”.
Até o final da tarde de ontem, a Secretaria Municipal de
Saúde de Marabá ainda não havia se pronunciado oficialmente, mas o chefe de
gabinete da Prefeitura de Marabá, Dacivan Ramos, confirmou que será aberta uma
sindicância para apurar o fato. Depois disso, será divulgada uma nota de
esclarecimento. (Diário do Pará)
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