Nas tetas do Estado

No Parsifal Pontes:

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent, o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará.

A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”.

> Sem incidência de nepotismo

As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”.

Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder Executivo, por parentes ou afins de mandatários do Poder Legislativo ou Judiciário, afastando o nepotismo cruzado. Portanto, do ponto de vista legal, o governador não incorre em irregularidades.

> Impacto moral é volumoso

Resta o impacto moral da revelação e a constatação de que, do ponto de vista político, a prática é temerária, pois destarte a regularidade jurídica, é vista pelo eleitor como insidiosa, ao se constatar o favoritismo dos cargos à influência que o chefe de Poder Executivo exerce sobre os órgãos do Estado, na mais perfeita tradução da condição que todos condenam quando estão fora mas fazem quando estão dentro: “Mateus, primeiro os teus!”.   

Abaixo, o infográfico da “Folha de S. Paulo”.

Laços de família

Infográfico elaborado pela “Folha de S. Paulo”.