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terça-feira, 27 de março de 2012

Em Tina Santos, a cidadania maltratada



A jornalista Tina Santos, agredida por um policial militar.
(Foto: Correio do Tocantins)
O art. 198 da Constituição do Estado do Pará dispõe que a Polícia Militar é instituição permanente, força auxiliar e reserva do Exército, organizada com base na hierarquia e disciplina militares, subordinando-se ao Governador do Estado e competindo-lhe, dentre outras atribuições prevista em lei: I- o policiamento ostensivo fardado; II- a preservação da ordem pública; III- a segurança interna do Estado; IV- a colaboração na fiscalização das florestas, rios, estuários e em tudo que for relacionado com a preservação do meio ambiente; V- a proteção do patrimônio histórico, artístico, turístico e cultura.
Não está, portanto, entre suas obrigações, quebrar o braço ou qualquer outra parte de um cidadão, ainda mais de uma mulher indefesa.
Em Marabá, contudo, e não de hoje, e no Pará a que ainda lamentavelmente pertencemos, vivemos tempos obscuros. Falta muito pouco, se é que ainda falta alguma coisa, para voltarmos, se ainda não voltamos, ao Estado Policial – a organização estatal baseada fortemente no controle da população (e, principalmente, de opositores e dissidentes) por meio da polícia política, das forças armadas, de guardas civis e outros órgãos de patrulhamento e repressão política. O Estado Policial é um dos aspectos do totalitarismo e de sua ideologia, embora não exclusivamente.
Como diz Rafael Lemos do Rego (jus.com.br, 2008), no atual contexto, sobre a necessidade de se impedir a formação de um estado policialesco na República Federativa do Brasil:
“Abre-se, a qualquer hora do dia, portas de residências, escritórios, moradas; investiga-se, sem o mínimo respeito à dignidade humana; prende-se todos que estiverem sob as lunetas dos inquéritos policiais, sem o devido mandado; algema-se, mesmo sem a cautela necessária; intercepta-se conversas alheias, sem qualquer relevância; assassina-se torcedores de futebol em pleno domingo à tarde; rodam-se pessoas pelos cabelos, nem se sabe o porquê. A enumeração, conquanto possa parecer cansativa, encerra um juízo de indignação. Convém lembrar que o rol é meramente enumerativo, vale dizer, há diversas outras condutas praticadas em nome de um Estado que se diz democrático e de Direto, garantidor de Direitos individuais e coletivos, tais como a vida, a liberdade, a igualdade, a reunião pacífica, e por aí vai.”
“Vigora no Estado Policial – prossegue Rafael Lemos do Rego - a pena de morte, de banimento, de trabalhos forçados, de caráter perpétuo, e de qualidades cruéis. Há a irrestrita inobservância dos ditames do devido processo legal, da ampla defesa, da legitimação das provas em juízo. Desrespeita-se, a todo custo, a integridade física e moral dos particulares. Apreendem-se documentos que entenderem necessários e suficientes. Pratica-se o mal pelo bem, segundo entendem. Prevalece a máxima de que os fins justificam os meios. Vale tudo, ou melhor, quase tudo. Só não vale a invocação de Direitos perante o poder Estatal. Aí não, até porque inexistiria autoridade conhecedora de Direitos fundamentais. São os detentores das armas, dos cassetetes, dos aparatos tecnológicos, da prisão. Ignoram os Direitos. Conhecem a soberba, a arrogância, a futilidade.
Deflagram operações ao acaso. Usam-se nomes mirabolantes. Afastam-se das regras de suas atribuições. Detém mais poderes que a Magistratura. Aprisionam a juízo da autoridade que possuir maior hierarquia. E se ela (autoridade superior) não houver, então é o próprio agente - que carrega a qualificação de público -, que decide de plano. Para ele, de nada servem o Ministério Público, a Advocacia e a Magistratura. Está investido de todos os poderes, com a devida encarnação, isto é, na própria carne e farda.”
As sequelas, resultantes dos tais danos causados por comportamentos lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, quando cobradas segundo o ordenamento jurídico brasileiro, serão recompostas. Naturalmente, claro, com os impostos pagos pelo contribuinte, inclusive aquele sujeito à violência estatal.

7 comentários:

Anônimo disse...

Ademir,
na verdade, venhamos e convenhamos, esse governo do jatene, também conhecido como Simão Preguiça, é muito mediocre.

Francisco neto

Edson disse...

Concordo que esse governador e uma m....., mais vamos ao caso da jornalista, antes de ser apurado os acontecimentos, vamos ver o que realmente aconteceu, pois não podemos crussificar o policial, pois não acredito que o caso aconteceu da forma que alguns colegas estão falando, o mesmo simplesmente chegou e quebrou-lhe o braço, e se por acaso ele tenha tentado agredir o mesmo e ele na sua devesa aconteceu o fato, pois e sabedor que a mesma estava em um bar, e sabemos tambem que reporte não e autoridade, como alguns acha.

Anônimo disse...

Que dó. Logo a Tina Santos? Conheço-a, muito bacana, simpática e inteligente.

Mexeram com a pessoa errada. A Tina Santos é respeitada, bem quista. Isto não vai ficar assim.

Fiquei entristecido com o episódio e sei que vais se recuperar e voltará com mais força ao seu trabalho sério e conceituado.

Força Tina, estou contigo!

Arnilson

Anônimo disse...

Vale lembrar caro ademir! que a policia comete esses atos a todo instante! principalmente nos bairros periféricos e vilarejos distantes do centro! neste locais é que os policiais instituem, como dizia Foucault as suas "Microfisicas do Poder",ou seja criam suas próprias leis e agem ao seu modo, mesmo representando o estado de direito. neste locais eles cumprem o seu papel que é prender! fazem o papel dos carrascos da ditadura que é espancar, torturar! e fazem o papel até de juiz que é soltar ou deixar preso se acharem conveniente! portanto esse caso só teve repercussão porque essa moça é influente no meio politico-economico.enquanto isso no "Cortiço" a repressão continua a todo vapor!

Ademir Braz disse...

Pois é, Edson, como você fala fico pensando na cena: a Tina, baixinha, fofinha, partindo no tapa para cima de um troglodita armumado até os dentes e cercado de outros troglodidas armados até os dentes intimidando frequentadores de barzinho com música e papo descontraído. Acho que vou sugerir à Tina que desafie o campeão brasileiro de MMA!

Anônimo disse...

A PM do Pará é despreparada para tudo, em Tucuruí prendem torcedor com algema só por se aproximar do alambrado do campo e ainda jogam spray de pimenta no bandeirinha do jogo. É mole ou quer molho?

Anônimo disse...

Caro, Adémir,
Respeito, profundamente, todos os Jornalistas, em função do que representam para a sociedade Brasileira, mais a Sra. Tina, com certeza, não estava na igreja rezando. Portanto, a prudência recomenda que se tenha cautela nesse caso, para, não se cometerem nenhuma injústiça. Abs,