A jornalista Tina Santos, agredida por um policial militar. (Foto: Correio do Tocantins) |
O art. 198 da Constituição do Estado do Pará dispõe que a Polícia
Militar é instituição permanente, força auxiliar e reserva do Exército, organizada
com base na hierarquia e disciplina militares, subordinando-se ao Governador do
Estado e competindo-lhe, dentre outras atribuições prevista em lei: I- o
policiamento ostensivo fardado; II- a preservação da ordem pública; III- a
segurança interna do Estado; IV- a colaboração na fiscalização das florestas,
rios, estuários e em tudo que for relacionado com a preservação do meio
ambiente; V- a proteção do patrimônio histórico, artístico, turístico e cultura.
Não está, portanto, entre suas obrigações, quebrar o braço
ou qualquer outra parte de um cidadão, ainda mais de uma mulher indefesa.
Em Marabá, contudo, e não de hoje, e no Pará a que ainda
lamentavelmente pertencemos, vivemos tempos obscuros. Falta muito pouco, se é
que ainda falta alguma coisa, para voltarmos, se ainda não voltamos, ao Estado
Policial – a organização estatal baseada fortemente no controle da população
(e, principalmente, de opositores e dissidentes) por meio da polícia política,
das forças armadas, de guardas civis e outros órgãos de patrulhamento e
repressão política. O Estado Policial é um dos aspectos do totalitarismo e de
sua ideologia, embora não exclusivamente.
Como diz Rafael Lemos do Rego (jus.com.br, 2008), no atual
contexto, sobre a necessidade de se impedir a formação de um estado
policialesco na República Federativa do Brasil:
“Abre-se, a qualquer hora do dia, portas de residências,
escritórios, moradas; investiga-se, sem o mínimo respeito à dignidade humana;
prende-se todos que estiverem sob as lunetas dos inquéritos policiais, sem o
devido mandado; algema-se, mesmo sem a cautela necessária; intercepta-se
conversas alheias, sem qualquer relevância; assassina-se torcedores de futebol
em pleno domingo à tarde; rodam-se pessoas pelos cabelos, nem se sabe o porquê.
A enumeração, conquanto possa parecer cansativa, encerra um juízo de
indignação. Convém lembrar que o rol é meramente enumerativo, vale dizer, há
diversas outras condutas praticadas em nome de um Estado que se diz democrático
e de Direto, garantidor de Direitos individuais e coletivos, tais como a vida,
a liberdade, a igualdade, a reunião pacífica, e por aí vai.”
“Vigora no Estado Policial – prossegue Rafael Lemos do Rego
- a pena de morte, de banimento, de trabalhos forçados, de caráter perpétuo, e
de qualidades cruéis. Há a irrestrita inobservância dos ditames do devido
processo legal, da ampla defesa, da legitimação das provas em juízo.
Desrespeita-se, a todo custo, a integridade física e moral dos particulares. Apreendem-se
documentos que entenderem necessários e suficientes. Pratica-se o mal pelo bem,
segundo entendem. Prevalece a máxima de que os fins justificam os meios. Vale
tudo, ou melhor, quase tudo. Só não vale a invocação de Direitos perante o
poder Estatal. Aí não, até porque inexistiria autoridade conhecedora de
Direitos fundamentais. São os detentores das armas, dos cassetetes, dos
aparatos tecnológicos, da prisão. Ignoram os Direitos. Conhecem a soberba, a
arrogância, a futilidade.
Deflagram operações ao acaso. Usam-se nomes mirabolantes.
Afastam-se das regras de suas atribuições. Detém mais poderes que a
Magistratura. Aprisionam a juízo da autoridade que possuir maior hierarquia. E
se ela (autoridade superior) não houver, então é o próprio agente - que carrega
a qualificação de público -, que decide de plano. Para ele, de nada servem o
Ministério Público, a Advocacia e a Magistratura. Está investido de todos os
poderes, com a devida encarnação, isto é, na própria carne e farda.”
As sequelas, resultantes dos tais danos causados por comportamentos
lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, quando cobradas segundo o ordenamento
jurídico brasileiro, serão recompostas. Naturalmente, claro, com os impostos
pagos pelo contribuinte, inclusive aquele sujeito à violência estatal.
7 comentários:
Ademir,
na verdade, venhamos e convenhamos, esse governo do jatene, também conhecido como Simão Preguiça, é muito mediocre.
Francisco neto
Concordo que esse governador e uma m....., mais vamos ao caso da jornalista, antes de ser apurado os acontecimentos, vamos ver o que realmente aconteceu, pois não podemos crussificar o policial, pois não acredito que o caso aconteceu da forma que alguns colegas estão falando, o mesmo simplesmente chegou e quebrou-lhe o braço, e se por acaso ele tenha tentado agredir o mesmo e ele na sua devesa aconteceu o fato, pois e sabedor que a mesma estava em um bar, e sabemos tambem que reporte não e autoridade, como alguns acha.
Que dó. Logo a Tina Santos? Conheço-a, muito bacana, simpática e inteligente.
Mexeram com a pessoa errada. A Tina Santos é respeitada, bem quista. Isto não vai ficar assim.
Fiquei entristecido com o episódio e sei que vais se recuperar e voltará com mais força ao seu trabalho sério e conceituado.
Força Tina, estou contigo!
Arnilson
Vale lembrar caro ademir! que a policia comete esses atos a todo instante! principalmente nos bairros periféricos e vilarejos distantes do centro! neste locais é que os policiais instituem, como dizia Foucault as suas "Microfisicas do Poder",ou seja criam suas próprias leis e agem ao seu modo, mesmo representando o estado de direito. neste locais eles cumprem o seu papel que é prender! fazem o papel dos carrascos da ditadura que é espancar, torturar! e fazem o papel até de juiz que é soltar ou deixar preso se acharem conveniente! portanto esse caso só teve repercussão porque essa moça é influente no meio politico-economico.enquanto isso no "Cortiço" a repressão continua a todo vapor!
Pois é, Edson, como você fala fico pensando na cena: a Tina, baixinha, fofinha, partindo no tapa para cima de um troglodita armumado até os dentes e cercado de outros troglodidas armados até os dentes intimidando frequentadores de barzinho com música e papo descontraído. Acho que vou sugerir à Tina que desafie o campeão brasileiro de MMA!
A PM do Pará é despreparada para tudo, em Tucuruí prendem torcedor com algema só por se aproximar do alambrado do campo e ainda jogam spray de pimenta no bandeirinha do jogo. É mole ou quer molho?
Caro, Adémir,
Respeito, profundamente, todos os Jornalistas, em função do que representam para a sociedade Brasileira, mais a Sra. Tina, com certeza, não estava na igreja rezando. Portanto, a prudência recomenda que se tenha cautela nesse caso, para, não se cometerem nenhuma injústiça. Abs,
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