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quarta-feira, 25 de abril de 2007

Águas de passagem Ademir Braz Retinem nos ouvidos velhas pás e gritos: há odor de diesel nos óleos do ar. Cúmplice do vento ando junto às pedras zanza no rio-tempo meu menino olhar. No azul do porto sobe e desce gente carregando frutos úmidos de sol: sobre ombros curvos corre mel do cesto escorre sal da pele nos degraus do cais. Farto de castanha cambaleia o barco acima do banzeiro que o vento atiça; geme a quilha tesa a corda retinida range como range a carne sob os cestos nos degraus do cais. Retinem nos ouvidos tantas pás e gritos e já não há no ar os mastros em delírio... Só, desaba a rua agora sobre as águas que deságuam cio nos degraus do cais.

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