Pages

sábado, 28 de abril de 2007

Sem-terra agredidos em Parauapebas

Um grupo de pistoleiros fortemente armado espancou e expulsou 30 famílias de trabalhadores rurais sem terras ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará (Fetagri) acampadas na Fazenda Juazeiro, município de Parauapebas, no sudeste do Pará. A informação é da própria Fetagri, da CPT Marabá, e seção Marabá da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH). Em nota de 27/04 divulgada à imprensa hoje, 28/04, as entidades informam que “no início da manhã do dia 24 de abril foi grande a movimentação de diversos fazendeiros, em suas camionetes, na estrada vicinal que dá acesso à sede da fazenda. Por volta das 11:00h, sete homens encapuzados e fortemente armados prenderam dois trabalhadores, membros do acampamento, e renderam as famílias de sem terra depois de dispararem diversas vezes suas armas sobre as pessoas.” Um dos trabalhadores foi agredido e muito espancado na frente de sua família. Os que não conseguiram escapar foram levados pelos pistoleiros para a sede da fazenda. Lá alguns deles foram trancados nos banheiros enquanto os pistoleiros traziam os outros. Na sede da fazenda – prossegue a nota - foram colocados numa camionete F350, placas MVV-0706, que era conduzida pelo gerente da fazenda, Moisés Gonçalves Ferreira, e foram levados para a Delegacia de Parauapebas. De acordo com as informações prestadas pelos trabalhadores, os sete pistoleiros encapuzados e armados, seguiram a camionete até próximo da rodovia que liga Parauapebas a Cannaã dos Carajás. Tão logo chegaram à rodovia se encontraram com soldados da Policia Militar aos quais o gerente da fazenda entregou os trabalhadores. De lá todos foram conduzidos para a delegacia de polícia e autuados pelo delegado André Luiz Nunes Albuquerque. Vinte e dois adultos e diversas crianças ficaram detidos das 14:00h do dia 24 até as 12:00h do dia 25 de abril. Além da violência física sofrida pelos trabalhadores, muitos tiveram suas casas e pertences incendiados e totalmente destruídos. Até o momento, informações vindas de Parauapebas dão conta de que pelo menos cinco trabalhadores estão desaparecidos. A Fazenda Juazeiro seria de propriedade de Maria do Socorro Mangabeira Marques. Segundo os trabalhadores a fazendeira concordou com o acampamento porque pretendia negociar com o INCRA a desapropriação do imóvel. Ainda em 2006 os advogados da fazendeira tinham entrado com Ação de Interdito Proibitório junto à Vara Agrária de Marabá e esta teve indeferida a liminar. Depois da ocupação da fazenda a ação foi convertida em Reintegração de Posse e o juiz da Vara Agrária, Dr. Líbio Araújo Moura, mais uma vez negou a liminar. “Diante dessa situação, a fazendeira Maria do Socorro, contando com a solidariedade de diversos fazendeiros da região de Canaã dos Carajás, Parauapebas e Curionópolis, contratou pistoleiros e expulsou as famílias de sem terra que estavam na área”, afirmam a Fetagri e suas parceiras. Curió – As entidades dizem que informações colhidas em Parauapebas indicam que a ação armada “teria sido articulada pelo ex-major do Exército e atual prefeito de Curionópolis, Sebastião Curió, e pelo atual presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Parauapebas (Siproduz), Lázaro de Deus Vieira Neto. Os municípios de Parauapebas, Curionópolis e Canaã dos Carajás, estão na área de influência do Projeto de Ferro Carajás e abrigam grande parte dos latifúndios improdutivos da região sudeste do Pará. Enquanto a terra e a renda se concentram nas mãos de poucos, a grande maioria da população continua pobre. Segundo os dados do IBGE (2000), estes municípios contam com uma população 101.196 habitantes. Destes 10.587 são sem instrução e menos de um ano de estudo; 18.669 estudaram da 1ª a 7ª série; 13.655 recebem até um salário mínimo e 38.294 estão dentro da categoria “sem rendimento”. As famílias que estavam acampadas na Fazenda Juazeiro, em sua grande maioria são originárias do Estado Maranhão e chegaram à região atraídas pelo garimpo de Serra Pelada e pela extração de minério na Serra dos Carajás. Como são pobres e sem perspectiva de emprego não resta outra alternativa senão a ocupação de grandes latifúndios improdutivos na região. Denúncias - Os fatos aqui relatados estão sendo apurados pela Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) de Marabá. “No entanto, diz a nota, é pertinente ressaltar que o Batalhão Especial da Polícia Militar de Belém se encontra na região de Parauapebas desde o último dia 17 de abril, e não conseguiu evitar a ação dos pistoleiros a mando da proprietária da fazenda Juazeiro. Este acontecimento é idêntico ao ocorrido em 18 abril de 2005, quando um grupo de fazendeiros fortemente armados, que, de acordo com informações que circulam em Parauapebas, teriam sido coordenados por Sebastião Curió e pelo Presidente do Siproduz, Lázaro Vieira Neto, expulsou 80 famílias de trabalhadores rurais sem terra da fazenda São Luiz, no município de Canaã dos Carajás. Naquela ocasião os fazendeiros conduziram os trabalhadores até uma barreira policial, montada na rodovia que liga Parauapebas à cidade de Canaã dos Carajás. Foram presos 21 trabalhadores, entre eles, 3 menores de idade. Diante desses últimos acontecimentos, exigimos que a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará proceda a uma séria e criteriosa investigação para que se chegue aos responsáveis pelas atrocidades cometidas contra os trabalhadores acampados na Fazenda Juazeiro, bem como, que o Governo Federal, através do INCRA, desaproprie a área para assentamento das famílias que lá se encontram. É inaceitável que a polícia aja com a maior eficiência quando é para prender trabalhadores, e não adote a mesma prática em relação a fazendeiros que cometem crimes contra famílias sem terra”, conclui a nota à imprensa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Queria ser informado de todas as noticias que se refere a fazenda juazeiro em Cedere no municipio de Parauapebas e da morte de Antenor Marques Pinto(Nozinho).

Grato
Bruno