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terça-feira, 24 de abril de 2007

O que querem?

Termino de receber um convite para participar do I SEMINÁRIO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO PÓLO CARAJÁS, que será promovido pela Câmara Municipal de Marabá. A iniciativa é boa mas para o que se propõe o seminário o conteúdo parece não corresponder, devido a sua limitação, mas isso são as coisas de poder. Poder sobrevive, também de propaganda. Parece que querem que continuemos vivendo de ilusões: a primeira é a de passar a mensagem de que seja possível desenvolvimento sustentável no modelo neoliberal, a segunda é a de que possamos definir pela verticalização da produção mineral apenas pela vontade, sem lutas para quebrar a estrutura imposta pela ordem mundial. Uma outra ilusão é a de que o modelo que hoje a Companhia Vale do Rio Doce está a desenvolver nesta região, a serviço do capital internacional, de retirar tudo que puder na maior velocidade possível, e seus investimentos (para si) possa ser entendido como desenvolvimento. Uma outra, também perversa, é a de que a sociedade marabaense defenda o processo de produção de ferro gusa, que aí está, como necessário. Sem considerar que os prejuízos causados são muito maiores do que os benefícios. Gerando riqueza para poucos e um lastro de problemas para a humanidade. Em 20 anos, foi-se o que ainda tinha de floresta, agora são consideradas áreas degradadas (?), foi-se a biodiversidade que garante a vida, poluiram o ar, o solo e as águas, pessoas perderam vidas, suor e sangue, nas usinas, nos fornos de produção de carvão e em outros processos. O Estado dirigido pelo PSDB, durante 12 anos, entregue aos interesses dos diversos grupos privados, não passou de um serviçal das empresas, nestas terras tudo era possível tudo se podia implantar e tudo tirar, o retrato está aí no distrito industrial e na região. Mas voltemos ao seminário, quem sabe Lúcio Flávio, Maurílio e Valmir, possam trazer algo novo para o debate, que ajude a pensarmos e construirmos um outro projeto, com os atores que estão à margem dos olhos do poder, que defendem a reforma agrária como geradora de trabalho e renda. Atores que defendem o projeto que garante a diversidade e não a monocultura, que tem a Amazônia, espaço de floresta, terra e água, como fonte de vida e não de morte. Atores que resistem lutam, por participação, inclusão, com produção e solidariedade. Vamos à luta! Marabá, 23 de abril de 2007. Raimundo Gomes da Cruz Neto rgc.neto@yahoo.com.br

Um comentário:

Ademir Braz disse...

Raimundo,
O Lúcio Flávio não vem. Nosso amigo infmrou-me que, no período do encontro, vai estar às voltas com dois dos inúmeros processos que lhe movem os Maiorana.
Veja só: até por via transversa somos prejudicados quando se trata da discussão de nossos problemas...