O Ministério Público Federal em Marabá (PA) iniciou processo contra a Eletronorte para obrigar a empresa a compensar e mitigar os danos causados aos índios Assuriní com a construção da hidrelétrica de Tucuruí. A Terra Indígena Trocará, dos Assuriní, vem sofrendo desde então inúmeras invasões e outros impactos diretamente relacionado com a usina e com o aumento populacional decorrente do empreendimento .
No total , foram listados 51 impactos , mas nenhuma medida de compensação foi tomada pela Eletronorte. Agora , o MPF quer que a Justiça Federal de Marabá obrigue a empresa , em caráter urgente , a implementar as medidas mitigadoras e compensatórias já identificadas no prazo de 60 dias , além de condená-la a indenizar a comunidade indígena pelos danos materiais e morais causados.
O MPF pede julgamento urgente , porque vê risco de consequências ainda mais trágicas para o povo Assuriní. “A empresa não honrou nenhum dos compromissos assumidos, o que frustrou as expectativas dos indígenas que aguardam o atendimento dos seus pleitos por mais de 20 anos . Não há como tolerar tal situação e, caso alguma medida não seja adotada, a tragédia , há muito anunciada, consumar-se-á definitivamente ”.
O relatório de impactos foi entregue ao MPF em 2006. O documento revelou “nítidos e inquestionáveis danos contínuos , de natureza permanente ” e comprovava que , “sem nenhuma dúvida , a construção da usina hidrelétrica de Tucuruí foi o empreendimento de maior impacto na vida dos assurinís após o contato ocorrido em 1950”, afirma o procurador da República Tiago Modesto Rabelo, que subscreveu a ação .
A ação judicial narra que “mais uma vez a Eletronorte nada fez e, instada recentemente a manifestar-se sobre a demora , informou problemas burocráticos , aduziu impedimentos de natureza eleitoral e recusou-se a participar de nova reunião agendada para o último dia 12 de agosto ”, lamenta o procurador da República .
À Justiça , o MPF pergunta : “de quantos anos mais e quantas eleições por vir precisará a Eletronorte para se valer de pretextos e impor , continuamente, os males causados por suas ações à comunidade indígena Assuriní?”
O processo tramita na Subseção Judiciária Federal de Marabá e ainda não recebeu numeração.
Veja alguns dos impactos mais graves da construção de Tucuruí sobre os assurinis:
- Ações indigenistas inadequadas
- Construção do ramal da Transcametá para a aldeia Trocará
- Construção da linha de transmissão Tucuruí/Cametá no entorno da Terra Indígena , afetando as cabeceiras do rio Trocará
- Construção de linha de transmissão da Celpa atravessando a Terra Indígena
- Instalação de fazendas e de assentamentos de colonos no entorno da Terra Indígena ; a invasão constante e progressiva da TI Trocará por terceiros
- Fragmentação da paisagem no entorno da Terra Indígena Desmatamento e degradação das cabeceiras e margens dos recursos hídricos que banham a Terra - Indígena , com conseqüente assoreamento e alteração da qualidade da água
- Uso inadequado de energia elétrica na aldeia Trocará, e outros equipamentos
- Ingresso de recursos pelos programas governamentais assistencialistas
- Perda do conhecimento tradicional da arte da pesca e da ictiofauna
- Uso de novas tecnologias implicando em considerável impacto na pesca
- Aumento do alcoolismo e tabagismo
- Substituição da língua nativa pelo português e o prejuízo cultural decorrente
- Sistema de educação inadequado à cultura Assuriní
- Crescimento da população da cidade de Tucuruí, trazendo doenças como : gripe , tosse , DST, alcoolismo e outras
- Invasão da Terra Indígena pelo gado das fazendas instaladas nos seus limites . (Fonte MPF_
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